sexta-feira, 27 de abril de 2012

Em caminho do nada



Caminhando cegamente por uma estrada perdida no meio do nada, sonhando abaixo das estrelas, acordado acima da terra seca, de olhos fechados lembro-me dos lugares que deveria ter esquecido.
 Abaixo daquela velha árvore vejo um bom lugar para dormir, ali encosto-me ao velho tronco, acendo uma pequena fogueira olhando ao velho relógio que achei noite passada adormeço lembrando do meu passado vivido de esperança que abandonei para viver na escuridão do meu destino.
 Meus sentimentos eu fiz questão de abandonar, não me lembro quando foi a ultima vez que pude olhar nos olhos de alguém e dizer “eu te amo” com sinceridade, acho que nunca disse isso com sinceridade, talvez aquela garota da escola seja quem mais se aproximou de ter meu amor sincero... Pena que ela nunca saberá disso.
 Finalmente acordo, manhã cinzenta, fogueira apagada, estrada deserta, mato amassado, continuo a caminhar abandonando tudo, inclusive o ultimo sentimento que tinha em forma do nome daquela garota que deixo gravado naquela velha árvore.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Lagrimas Misturadas ao Vinho



 Em seus olhos eu via um pedaço da noite que eu jamais vi, em sua respiração sentia a brisa que nunca senti, em sua boca o mel que nunca provei, em seu sorriso um brilho ofuscante que nem mesmo o diamante tem.
 Por que tinha de acabar assim? Tão jovem e não esta mais aqui, por que se foi tão cedo? Não tive tempo nem de me despedir, tenho tanto medo, meu espírito ainda não aceitou, me desculpe, mas seu tumulo eu ainda nunca vi, não tive coragem não sei como agir.
 É tão difícil estar aqui, tomando vinho na frente de uma lareira chorando sobre seu retrato enquanto a chuva cai na noite fria.
 Volto a caminhar sozinho e sem direção, essa chuva não é tão fria assim comparada com meu coração, tenho medo, muito medo de voltar lá. Ainda não como vou reagir, sempre achei que seria no altar que eu te veria junto às flores que você tanto gostava.
 Pela primeira vez consigo vir aqui, me surpreendo ao ver seu tumulo, caminho devagar e com dificuldades até ele, agora coberto de folhas secas e de flores banhadas com minhas lagrimas misturadas ao vinho.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Orações e Rosas Negras



É o fim, é o fim de tudo que conheço, nunca mais verei aquelas crianças se sujando  brincando no barro, ou correndo atrás de uma bola, simplesmente vejo as lagrimas deixadas no asfalto gelado.
Aquelas flores ao chão não sei como chegaram ali, e me surpreende ainda estarem ali, naquela parede existe tinta misturada a sangue do jovem casal ali separados, logo a frente o parque abandonado da escola em ruínas aonde estudei e ao lado um lugar familiar, era ali que costumava brincar quando criança, meu sorriso demonstra as belas memórias que infelizmente logo mais irão se apagar.
Subo aquela enorme montanha, aonde cada passo eu vejo o rosto alguém que já se foi e daqueles que deixarei, será que foi aqui que eu os esqueci? Ou é aqui que eu devo me lembrar?
Finalmente chego ao topo, eu me lembro daqui já estive aqui, vejo a bandeira de trapo que deixei aqui quando criança, fico surpreso de ainda estar aqui, fecho meus olhos feliz abro meus braços e solto meu corpo em direção ao nada, sem preocupações, sem reclamações sem receio, em uma queda onde o vento purifica-me das memórias impuras, em uma queda onde sei que irei adormecer, as memórias vem a tona, é infelizmente não pude me despedir de todos porem sei que eles irão me perdoar, porem quando eu adormecer em meus sonhos eu irei os encontrar, desta vez sem preocupações pois será o sonho perfeito, o sonho que jamais irei acordar.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Chuvas De Inverno



Me encontro perdido apenas observando seu olhar perdido, admirando o doce lago de águas cristalinas que reflete na janela de tua alma.
Vejo em ti o Espírito de criança teimosa que teima em crescer, em uma mulher quase completa.
 Em teu sorriso o calor do verão, em suas lagrimas a mais fria e nebulosa chuva  do inverno mais rigoroso.
 Sua mente perdida numa confusão tão grande quanto a dor de seu coração, o que poderia eu fazer para não vê-la mais assim?
 Às vezes as dores nos consomem até confundir nossas mentes, nossas vontades platônicas vêm como as vontades reais, e nos impedem de seguir em frente.
 Em seu doce sono você caminha pelos campos Elíseos sabendo que ali você não ficará perambular por um cemitério cujo seu corpo semimorto não será sepultado, pois não se enterram corpos sem alma, cujo coração bate por alguém.
 Se algum dia você recuperar sua alma, e suas esperanças lhe suplicam, não deixe que esses olhos que refletem o céu azul de verão, refletirem as pesadas chuvas de inverno.